Botafogo dos bambas

Botafogo dos bambas

O bairro de Botafogo tem roda de samba em todo lugar*. E, nessas rodas, é comum se ouvirem os sambas dos antigos bambas do bairro. É uma forma que os sambistas têm de reverenciar os mestres do passado e manter a tradição.

Tradição que vem de longa data. Surgiu com os vários blocos carnavalescos – Jerico, Funil de Botafogo e Gaviões –, as escolas de samba – São Clemente e Estrela de Botafogo –, os banhos de mar à fantasia e os vários conjuntos formados com músicos do bairro, como o grupo de choro Época de Ouro, em que César Faria, cria do bairro, tocava violão. César era pai de Paulo César Batista de Faria, mais conhecido como Paulinho da Viola, que aprendeu a fazer samba em Botafogo, onde nasceu em 1942. Paulinho, um dos mais reverenciados compositores do país, foi influenciado por alguns bambas do bairro, como Niltinho Tristeza – “Tristeza, por favor vá embora…”, Zorba Devagar – “Devagar, devagarinho” –, Mical, Miúdo, Vavá, Walter Alfaiate e Mauro Duarte, todos homenageados por ele no samba “Botafogo, chão de estrelas”, composição em parceria com Aldir Blanc gravada por Walter Alfaiate.

De todas essas feras, quem mais se destacou foi Mauro Duarte, que virou até nome de uma simpática praça, entre as ruas General Polidoro e Fernandes Guimarães. Perto dali ficava o Cantinho da Fofoca, antiga pensão do Seu Alcides na rua Rodrigo de Brito, onde sambistas se reuniam todas as noites de sábado.

Compositor aos dez anos, pianista aos 15, Mauro Duarte fez parte de dois conjuntos musicais na década de 1960, tocando tamborim, mas foi como compositor – em parceria com Paulo Cesar Pinheiro e na voz inesquecível da cantora Clara Nunes – que se consagrou em sucessos como “Menino Deus” (1974), “Canto das três raças” (1976) e “Portela na Avenida” (1981). Mas Mauro Duarte teve outros parceiros. Com Walter Alfaiate, por exemplo, compôs a famosa “Lama”. Também fez samba com Noca da Portela (“A alegria continua”), Elton Medeiros (“Maioria sem nenhum”) e Paulinho da Viola (“Cuidado, teu orgulho ainda te mata”, que também tinha Alfaiate na parceria). Além de diversas composições feitas em homenagem a escolas de samba do Rio de Janeiro.

Mauro Duarte morreu em 1989, mas sua obra está presente em cada roda de samba de Botafogo, para felicidade de velhos e novos bambas.

*Onde você pode encontrar samba em Botafogo: Samba da Bambina (rua Bambina 180); Cumpadres Humaitá (rua Visconde de Caravelas123); Bar Belmiro (rua Conde de Irajá 503); Sabor da Morena (rua São Manuel 43); Samba do Gelo (rua Pinheiro Guimarães 8), Fuska Bar 2.0 (rua Capitão Salomão 52), MenaBarril Gourmet (rua Mena Barreto 24), Vizinha 123 (rua Henrique de Novaes 123), quadra da Mocidade Unida do Santa Marta (rua Jupira), além das rodas de samba no Bar do Tota (rua Jupira 72) e no Bar da Adelina (Rodrigo de Brito 39).

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