Randevu em Botafogo
Ainda considerado o escritor brasileiro mais traduzido no mundo – e para idiomas tão exóticos, tais como o vietnamita, o mongol ou o lituano –, Jorge Amado, desde o ano de sua estreia, em 1931, até o de sua morte, em 2001, continuou figurando como profícuo e criativo escritor de prosa.
E, com certeza, é um dos autores mais adaptados para a ficção televisivo-cinematográfica.
Vários atores deram vida a seus personagens. Paulo Gracindo, com A morte e a morte de Quincas Berro D’Água, atingiu limites dramáticos inimagináveis. Bebum igual ainda não se viu na ficção nacional.
E, se o romance Mar morto – travestido na telenovela Porto dos milagres – deu oportunidade a Marco Palmeira de interpretar um Guma apenas convincente, Marcello Mastroianni, por sua vez, simplesmente brilhou na pele do sensual turco Nacib.
A propósito, quem se esquece da cena de Gabriela, cravo e canela em que, a pretexto de caçar uma simples cafifa, Sônia Braga expõe aquela morena – e inesquecível – bunda?
E quão clássica também não é a cena de Dona flor e seus dois maridos em que Sônia desce a ladeira do Pelourinho patolando agora a bunda de José Wilker!
A despeito das narrativas de Jorge Amado, via de regra, terem como cenário a Bahia, quer seja o Sertão, quer a cidade de Salvador, há aquela passagem de Tieta do Agreste – a puta pródiga incorporada por Betty Faria na TV –, em que o narrador de Jorge consegue trazer a memória de seu personagem – impoluto político baiano –, direto do cenário dos bregas de Sant’Ana do Agreste para puteiros mais urbanos.
E bem distantes da Bahia:
(…) o cidadão de postura rígida e cabelo buscarré (…) procura vencer o acanhamento. Na juventude frequentara prostíbulos. Em certa ocasião festiva fora a um randevu, em Botafogo, no Rio de janeiro; depois casara-se.