Os 40 anos de luta da AMAB
Se você acha que o bairro de Botafogo tem problemas, imagine se não existisse a Associação de Moradores e Amigos de Botafogo! Nascida em 1979, no início da redemocratização, a AMAB, desde então, tem estado à frente de todas as principais lutas da comunidade junto ao poder público, reivindicando melhorias e combatendo os abusos, que nunca foram poucos.
A primeira reunião para criação da AMAB aconteceu no dia 30 de outubro de 1979, na rua Barão de Lucena 28, em Botafogo, e contou com a presença de 11 moradores; entre eles, Maria Luiza Testa Tambellini, primeira presidente da associação. Após 15 anos de ditadura, o país começava a respirar os ares da democracia. Em agosto daquele mesmo ano, havia sido aprovada a anistia, e os exilados políticos começavam a retornar ao país. A sociedade buscava se organizar e encontrar canais de expressão.
Metrô, a primeira batalha
Botafogo sofreu muito com as obras do metrô, que prejudicaram o comércio local e provocaram o fechamento de algumas ruas. A Fernandes Guimarães, uma das ruas mais afetadas, teve seus moradores encaminhados para hotéis ou para casas alugadas longe dali. A AMAB reuniu-se com o então governador Marcello Alencar, reivindicando que os moradores pudessem voltar e ter suas casas restauradas. A associação foi decisiva para que os terrenos remanescentes da obra fossem classificados como não-edificantes, o que tornou possível a criação das praças Compositor Mauro Duarte, em homenagem ao compositor e músico nascido e criado em Botafogo, e Nelson Mandela, hoje um importante polo de lazer e entretenimento do bairro.
A recuperação do espaço público sempre foi uma das bandeiras da AMAB, que também lutou pela criação do Largo Barbosa Lima Sobrinho, no início da rua Assunção, onde viveu o intelectual, político e jornalista pernambucano. A extensão da rua Nelson Mandela até a rua General Polidoro, outro projeto apoiado pela AMAB e já aprovado, vai permitir acesso direto ao metrô pelos moradores de uma das áreas do bairro que mais cresce, no entorno das ruas Arnaldo Quintela e Álvaro Ramos. Hoje a associação luta contra o projeto de construção de um Museu do Holocausto no alto do Morro do Pasmado, por ser uma área de preservação ambiental, e contra a privatização da Cobal do Humaitá, tradicional polo de gastronomia da região.
Despoluição da Enseada de Botafogo
A AMAB – que tem como seu símbolo a Enseada de Botafogo – sempre lutou em favor da despoluição das águas da Baía de Guanabara, um dos principais cartões postais da cidade do Rio de Janeiro, por meio da identificação e da eliminação das fontes poluidoras. Partiu da AMAB a iniciativa de organizar o 1º Abraço da Enseada de Botafogo. Foi também a associação que se opôs à ideia de aterrar parte da enseada, durante a gestão do ex-prefeito Luiz Paulo Conde. Sem encontrar apoio do poder público para buscar uma solução definitiva para o problema da poluição, a AMAB vem apoiando iniciativas dos próprios moradores, como a do grupo Reflorestamento Urbano, que trabalha para recuperar a restinga e as áreas de manguezais, e o Enseada Limpa, grupo que desenvolve um projeto de despoluição da Praia de Botafogo.
Segurança
Na segurança pública, a AMAB também tem atuação destacada. Foi em Botafogo, no 2º Batalhão da Polícia Militar, que nasceu o embrião do Conselho Comunitário de Segurança Pública, com participação de autoridades e das associações de moradores, para juntos buscarem soluções, como a criação do programa Botafogo Presente. No pior momento da crise do governo de Luiz Fernando Pezão, a 10ª Delegacia de Polícia não tinha dinheiro nem para papel de impressora. Foi a AMAB que conseguiu apoio de comerciantes do bairro para fornecer suprimentos básicos à DP e até mesmo consertar viaturas policiais.
Na era da militância virtual, a AMAB atua no mundo real. Com Regina Chiaradia na presidência desde 1998, a associação reúne-se com autoridades, participa de audiências públicas, faz denúncias, move ações judiciais e organiza protestos. Se você acha que Botafogo tem problemas, imagine se não existisse a AMAB!