O Baudelaire tupiniquim
Uma rua de Botafogo leva o nome de um dos maiores cronistas da cidade, mais conhecido pelo pseudônimo de João do Rio: é a rua Paulo Barreto.
João do Rio foi o primeiro dândi brasileiro: culto, chic, aristocrático e, possivelmente o precursor do homoerotismo na literatura brasileira.
Naquele início de século XX, o nosso Baudelaire tupiniquim acompanhou as transformações pelas quais passava a cidade, no bojo da urbanização proposta pelo então prefeito Pereira Passos. E, nessa onda, frequentou – em pessoa e em sua crônica – os lugares nunca dantes navegados por outros cronistas contemporâneos seus: as favelas novas do Centro, as casas de ópio dos chinos do Catete, as rodas de cocainômanos da Glória, os puteiros, os becos – tudo num tempo em que a cidade se expandia, como dissera Machado, “lá para os lados de Botafogo…”
A Paulo Barreto é aquela que, começando na Voluntários, cruza a Mena Barreto (que nada tem com João; vem de linhagem de generais) e desemboca na General Polidoro, antiga Berquó, às portas do Cemitério São João Batista.
*Lúcio Valentim é professor de Literatura, doutor em Letras Vernáculas e pesquisador visitante no Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ