Arte como manifesto ecológico

Arte como manifesto ecológico

Nesta quarta-feira, às 18h, a Galeria Athena (Botafogo) – em parceria com a galeria paulista Diletante42, especializada em móveis de design – inaugura a exposição “Krajcberg & Zanine”, num encontro inédito de obras de dois amigos, um artista, outro arquiteto, ambos reconhecidos internacionalmente pela preocupação com o meio ambiente e com o uso sustentável da madeira.

Na exposição, que vai até 18 de maio, serão apresentados relevos de parede de Frans Krajcberg (1921-2017), feitos a partir de madeiras provenientes de queimadas e desmatamentos, com pigmentos naturais, criados por ele, nas cores preto, branco e vermelho, e uma única grande obra de chão, da série “Bailarinas”, da década de 1980, feita a partir de madeira queimada e pigmentos naturais, inspirada na dança no mangue de uma namorada bailarina.  Já a obra do arquiteto e designer José Zanine Caldas (1919-2001) aparece em peças icônicas de mobiliário e design, conhecidos como “Móveis Denúncia”, que faziam um alerta sobre o desmatamento e o desperdício de matéria-prima na Mata Atlântica. Dentre elas, destacam-se uma mesa de jantar e a emblemática poltrona namoradeira. Será apresentada, ainda, uma escultura de Zanine em madeira.

“Krajcberg e Zanine foram muito amigos e tiveram uma convivência muito próxima com a natureza. Existe um diálogo entre as suas obras, e a ideia da exposição é apresentar o melhor de cada um deles, com peças importantes e extremamente representativas”, diz Liecil Oliveira, um dos sócios da Galeria Athena.

Nova Viçosa – um marco nas trajetórias de Zanine e Krajcberg

José Zanine Caldas começou a frequentar a região de Nova Viçosa, no sul da Bahia, em 1968, onde se redescobre e modifica bastante a sua produção, tanto arquitetônica quanto de mobiliário, passando a utilizar madeiras de resíduo florestal. Encantado com o lugar, ele sonhava em transformá-lo em uma capital cultural e levou diversos nomes para lá, como Chico Buarque, Oscar Niemeyer e os artistas Carlos Vergara e Frans Krajcberg, que morou na cidade até o final de sua vida, na famosa casa na árvore, construída por Zanine. “Quando se fala de Nova Viçosa, pensa-se logo no Krajcberg, mas quem o levou para lá foi o Zanine, que também tem uma passagem muito marcante pela cidade na questão urbanística e arquitetônica”, conta Flávio Santoro, sócio da Diletante42.

Serviço:

Exposição “Krajcberg & Zanine”
Quando: de 27 de março até 18 de maio de 2024
Abertura: 27 de março de 2024, às 18h
Horários: de terça a sexta-feira, das 11h às 19h; sábados, das 12h às 17h.
Local: Galeria Athena, RJ [Sala Cubo] – Rua Estácio Coimbra, 50 – Botafogo

Entrada gratuita.
Curadoria: Athena e Diletante42.

Mostra paralela

“Pandro Nobã: Caminho de Volta”

O artista carioca, nascido em 1984, vai apresentar 15 trabalhos de sua produção recente, incluindo obras inéditas. “Suas obras revelam um imaginário ao mesmo tempo pessoal e popular, baseado em experiências ligadas à ancestralidade, e à vivência do artista nos terreiros de religiões de matriz afro-brasileira. Ao mesmo tempo, suas pinturas usam como suporte telas e também elementos do seu cotidiano, como objetos de barro e tecidos rendados, geralmente utilizados nos cultos sagrados de terreiro”, afirma a curadora Fernanda Lopes. Pandro Nobã é artista urbano autodidata, nascido e criado no bairro da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro. No início dos anos 2000, formou o coletivo Artistas Urbanos Crew e atuou como instrutor de grafite em escolas públicas, projetos sociais e dentro de instituições de medidas socioeducativas. Nas artes visuais, tem dedicado sua pesquisa em pintura, ganhando destaque em importantes exposições.

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