Quem foram os voluntários da pátria?
Certa vez encontramos o saudoso cineasta Luiz Rosemberg Filho, no Estação NET Rio, às vésperas do lançamento de seu “Guerra do Paraguay”. Enquanto conversávamos, me dei conta de que muitas ruas de Botafogo têm seu nome ligado àquela que foi a mais sangrenta e longa guerra da história da América do Sul.
É justamente o caso da rua onde fica o cinema: Voluntários da Pátria, em homenagem aos batalhões de voluntários criados por D. Pedro II, em 1865, para reforçar o exército regular brasileiro que enfrentaria o paraguaio, então bem mais numeroso e organizado.
Movidos por patriotismo e atraídos pelas vantagens econômicas oferecidas, voluntários de todo o Brasil se alistaram, sem suspeitar de que a guerra seria dura e longa: mais de cinco anos de batalhas.
Muitos morreram vítimas de cólera e outras doenças antes mesmo de se iniciarem os combates; 400 soldados do Pará – sem roupas adequadas ao clima do Sul – morreram de frio logo no primeiro ano.
As más notícias se espalharam, e o número de voluntários despencou. O governo teve de estabelecer o recrutamento, recomendando a libertação de escravos para lutarem na guerra em troca de títulos de nobreza para seus senhores. Houve resistência, e iniciou-se uma espécie de caçada. Muitos “voluntários” foram capturados escondidos nos bosques e florestas. Adversários do governo eram alistados à força, enquanto protegiam-se os aliados.
Foram quase 38 mil homens. As perdas – entre mortes, ferimentos, doenças e invalidez – chegaram a 40% do efetivo. Mas, ainda assim, nessa tragédia que foi a guerra, a participação dos voluntários foi decisiva para a vitória da Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai.