Livros, música e brincadeiras na Praça Radial Sul
Balança o chão da praça que tem criança brincando, cachorros correndo no “parcão”, aparelhos de ginástica para a terceira idade, comidinhas, biblioteca e boa música para todo mundo. A Praça Radial Sul é só alegria desde que foi revitalizada pela prefeitura em 2016. Ela ganhou calçamento, iluminação nova, cercado para cães, brinquedos e equipamentos de ginástica. Os moradores da região fazem questão de mantê-la sempre ocupada com atividades lúdicas e culturais. Assim, esperam evitar a degradação do espaço público e melhorar a segurança na área, que vinha sofrendo com assaltos constantes.
O Curta Botafogo foi procurado por Márcia Castañon, do grupo Amigos da Praça Radial Sul, para divulgar uma dessas atividades – “Música na Praça”, com a orquestra de violões Harmonium, no último dia 25. Opa! Evento na praça? É preciso conferir. Afinal de contas, bater perna é com a gente mesmo.
A simpática Radial Sul fica no fim da rua Eduardo Guinle, à direita. Na chegada, fomos recebidos por seu Chagas, paisagista, dono do quiosque de plantas da praça e uma espécie de síndico do local. Com ar desconfiado, a princípio, Chagas foi abrindo o sorriso aos poucos enquanto nos contava, com orgulho, a sua história. Quando assumiu o quiosque, há 14 anos, o lugar andava abandonado e muito mal frequentado. Ele não perdeu tempo. Passou a mão na vassoura, limpou todo o terreno e pôs em prática o que sabe fazer melhor: cuidar das plantas. “Isso aqui era um matagal; capinei tudo e plantei 30 árvores, que hoje já estão grandes.” Ele contou que Kalil – morador e amigo – ajudou comprando material e plantas. Mas não foi nada fácil. Paciente, Chagas ia dando seu jeito com plantas, vassoura e carinho pela praça onde passa grande parte do seu dia.
Uma biblioteca muda a praça
Chagas insistiu e começou a despertar a atenção de alguns moradores. Um deles foi o cientista social Álvaro Salmito, que resolveu se unir a ele na intenção de movimentar a praça. Surgiu, então, a ideia de fazer uma biblioteca, projeto que ganhou apoio também de Kalil. Logo os moradores começaram a aderir. Quem tinha filho pequeno levava livros infantis. Os pais foram se unindo e acabaram criando o grupo Amigos da Praça Radial Sul.
O grupo possui um núcleo de coordenação com cerca de dez pessoas, entre elas o próprio Chagas e Márcia Castañon, e mais de cem apoiadores, todos voluntários. “Quando iniciamos o movimento em 2015, nossa preocupação maior era com a segurança. Muitas pessoas foram assaltadas nas redondezas, e a praça estava com uma ocupação ruim. Isso estava afastando as crianças”, contou Márcia.
A primeira reunião foi em novembro de 2015. Além dos moradores, participaram representantes da região administrativa e outras autoridades, incluindo o chefe do batalhão da PM. Depois de muita negociação, as obras finalmente começaram, e, em outubro de 2016, às vésperas do Dia da Criança, a praça tinha brinquedos novos, pisos, equipamentos de ginástica, iluminação e cercados. Um ótimo motivo para comemorar!
“Depois que se criou esse ambiente, parece que a alma da praça se abriu. Todo mundo se sente aconchegado quando chega”, disse Silvana Godoi Câmara, que também atua na coordenação do grupo.
Eventos como o “Dia da Criança” e “Violúdico” atraem de 300 a 400 pessoas, mas os Amigos da Praça Radial Sul trabalham para promover atividades no local todos os dias e não apenas nos fins de semana. Eles estão pedindo à Prefeitura que leve para a praça o programa de ginástica “Rio ao Ar Livre”, que já existe em outros lugares de Botafogo.
O grupo agora quer incluir o Instituto Véras – entidade vizinha que atende crianças, jovens e adultos com distúrbios neurológicos. A ideia é que a administração municipal construa uma grande bancada na praça, onde possam ser oferecidas oficinas para as mães dos alunos do instituto. Enquanto esperam os filhos, elas podem aprender um ofício.
Dá gosto ver a pracinha limpa e bem cuidada, com gente feliz curtindo momentos de lazer com a família. O espírito de união dos moradores tem atraído boas energias. “A solução é ocupar mesmo. E a gente não exclui ninguém, nem mesmo moradores de rua. A praça é um espaço público”, defende Álvaro Salmito.
Fomos embora felizes da vida, já pensando em voltar nos dias 8 e 9 para o Arraial Solidário da Praça Radial Sul, organizado pelos Amigos da Praça em parceria com o Instituto Véras.